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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Testamento de uma avó






Querido(s)neto(s),

A Vó não sabe brincar com você(s), porque só sei brincar de passado e
vocês só sabem brincar de futuro. E ainda estarei brincando de
recordação quando vocês começarem a brincar de esperança.
Mas antes que eu me torne apenas um retrato na parede, uma referência
dos meus entes queridos ou até uma lágrima de minha filha, quero lhes
dizer uma coisa que considero muito importante para os seus momentos
de dúvida.
Porque eles ocorrerão e todos serão preciosos.

Quero lhes dizer, queridos netos, o que vale a pena.

- Vale a pena crescer e estudar.
- Vale a pena conhecer pessoas, ter namorados e namoradas, sofrer
ingratidões, chorar algumas decepções e - apesar de tudo isto (ou por
causa de tudo isto) - ir renovando todos os dias sua fé na bondade
essencial da criatura humana e o seu deslumbramento diante da vida.
- Vale a pena verificar que não há trabalho que não traga recompensa,
que não há livro que não traga ensinamento, que os amigos têm mais
para dar que os inimigos para tirar, que, se formos bons observadores,
aprenderemos tanto com a obra do sábio quanto com a vida do ignorante.
- Vale a pena ver que toda a amargura nos deixa reflexão, toda
tristeza nos deixa a experiência e toda alegria nos enche a alma de
paz.
- Vale a pena casar e ter filhos. Filhos que nos escravizam com seu
amor e nos concedem a felicidade de tê-los junto a nós e vê-los
crescer. Filhos que, ao crescerem um pouco, já discutem conosco, acham
que sabem bem mais que nós (e às vezes sabem mesmo) e nós aprendemos
com eles.
- Vale a pena viver estes assombrosos tempos modernos em que os
milagres acontecem ao virar de um botão, em que se pode telefonar da
terra para a lua, lançar sondas espaciais, máquinas pensantes, à
fronteira de outros mundos. E descobrir que toda essa maravilha
tecnológica não consegue, entretanto, atrasar ou adiantar a chegada da
primavera.
- Vale a pena viver, mesmo com todas as limitações a que o ser humano
está sujeito, quando lembramos que o surdo vê a luz do sol, que o cego
ouve a música das coisas, que o mendigo sonha com as estrelas, que não
precisamos de todos os sentidos para participar do esplendor da
criação.
- Vale a pena mesmo sabendo que vocês verão coisas que eu nunca vi,
assim como vejo coisas que meus pais não viram e meus pais viram
coisas que meus avós não viram.
- Vale a pena, certamente, o saber acumulado dos cientistas e
especialistas que revelarão coisas que a mim não foram reveladas. Pode
ser que vocês conheçam seres vindos de outros planetas, o que para mim
é teoria e especulação, assim como a televisão, o computador e muitas
outras invenções foram teoria e especulação para meus avós, já
falecidos.
- Vale a pena, mesmo quando vocês descobrirem que tudo isso que estou
mencionando é de pouca valia, porque a teoria não substitui a prática
e cada um tem de aprender por si mesmo que o fogo queima, que o
vinagre amarga, que o espinho fere e que o pessimismo não resolve
rigorosamente nada.
- Vale a pena até mesmo envelhecer como eu e ter netos como vocês, que
me devolveram a infância e a juventude.
- Vale a pena mesmo que eu parta e suas lembranças de mim se tornem
vagas. Mas quando outros disserem coisas boas de seus avós, espero que
vocês possam dizer de nós simplesmente isto:

"Minha avó e meu avô me disseram que “valia a pena”... E não é que
eles tinha razão?"

Autor Desconhecido

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